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Blog do Leo Lasmar – No Brasil, mesmo jogando bem, técnico é demitido.

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Roger Machado, mesmo apresentado bom futebol foi demitido do Bahia, e isto representa a sexta troca de técnico em sete rodadas de Brasileirão. No ano passado, a sexta mudança aconteceu apenas na 12ª rodada. Dá noção do massacre das mudanças de técnico. Mais massacrado é o futebol brasileiro.

Não se trata de ser proibido demitir técnicos. É permitido. Acontece que o Brasil exagera. Na última Premier League, houve sete clubes mudando de técnico. No último Brasileirão, 17. Só três não mudaram. Já chegamos ao cúmulo de haver só o campeão sem mudar técnico, em 2017, quando Fábio Carille levou um surpreendente Corinthians ao troféu.

Há décadas, reclamamos da falta de jogo coletivo no Brasil. Observamos a Europa e repetimos: é outro esporte! Virou clichê, mas parece mesmo. Pela diferença da qualidade dos jogadores que eles podem contratar e pela ausência de jogo coletivo. Pois como fazer mais times serem coesos se há trocas de treinadores em todas as rodadas?

O mais incrível é que sempre quem dá razão à mudança é o torcedor do próprio clube. Até mesmo jornalistas que torcem por um ou outro clube apoiam as mudanças no clube do seu coração. Pensamos com o fígado, não com o cérebro.

A experiência é um farol voltado para trás, como escreveu Pedro Nava. Mas vale olhar para ela, às vezes. No Brasileirão unificado e considerando os títulos duplicados de 1967, 1968 e 1987, houve 64 torneios e 14 campeões mudando de treinador. Se preferir de 1971 para cá, são 49 edições e 13 mudanças de técnico. Nos dois exemplos, mais de 70% dos campeões foram os que mantiveram trabalho e planejamento.

Na Liga dos Campeões, neste século, de 21 edições, só três foram vencidas por times que mudaram de treinador. Mesmo assim, não é proibido mudar. Mas quem perde com esse massacre de mudanças de técnico é a qualidade do futebol brasileiro.

Hoje, dos 20 clubes da Série A, só um tem um treinador a mais de um ano (o Grêmio, com Renato Gaúcho). Num tempo em que há muito menos espaço em campo e é necessário ter mais ensaio, a epidemia de mudanças é a prova do analfabetismo do futebol do Brasil.

Por PVC. 

Imagem de Peggy und Marco Lachmann-Anke por Pixabay