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Blog do Leo Lasmar – Existe sim hora certa de perder.

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Faltaram 22 dias para o aniversário, mas o Atlético parou no quase. A derrota por 2 a 1 para o América, nesse sábado, pôs fim à longa série de invencibilidade como mandante. Resultado que liga o alerta na Cidade do Galo: já são três jogos sem vitória no Brasileirão.

Fora do habitat natural (Mineirão bloqueado devido a um festival sertanejo), o Galo pagou o preço por um início de jogo desligado contra um rival que, no terceiro confronto em menos de um mês, aprendeu a explorar os erros de um time que deixa muitos espaços, e ainda está longe de mostrar a consistência defensiva tão característica no 2021 de títulos.

No período atual, o de maior instabilidade em termos de rendimento e resultado desde a chegada de Turco Mohamed, são oito gols sofridos nas últimas cinco partidas. Situação que pesa ainda mais quando o ataque, que se acostumou a ser tão efetivo, vem abusando do desperdício de chances.

A derrota sobre o América passa pelas duas óticas (ofensiva e defensiva), e se ancora ainda em um terceiro fator: a desconcentração. Nas últimas duas partidas do Brasileiro, Turco teve de responder sobre a queda de rendimento nas etapas finais dos jogos, que custaram os empates com Coritiba (casa) e Goiás (fora). Contra o América, o problema foi inverso.

“Entramos desconcentrados, pode ser a palavra. Isso não pode ocorrer em uma equipe que quer ser ganhadora”. (Turco).

Com menos de um minuto de jogo, o Coelho só não abriu o placar porque Everson salvou a finalização de Juninho, que saiu cara a cara com o goleiro, após erro de Alonso na saída de bola. O goleiro, aliás, teve tarde/noite até inspirada, e não tem a menor porcentagem de culpa nos dois gols sofridos.

Allan, pelo contrário, tem a maior dose de responsabilidade pela primeira bola na rede do Galo. Logo ele, que acostumou o torcedor a atuações sempre regulares e de alto nível. Contra o América, esteve longe dos melhores dias: acontece. Erro fatal na tentativa de drible na saída de bola, e pênalti inegável em Juninho. Iago Maidana abriu o placar logo aos seis minutos.

O gol sofrido acendeu a torcida atleticana no Horto e empurrou o time, mas o nervosismo e afobação eram evidentes. O Galo sofreu com a estratégia de Vagner Mancini, que, enquanto teve a equipe americana com fôlego, pressionou a saída de bola atleticana e criou inúmeras situações de dificuldade.

Quando não conseguia escapar da primeira pressão e perdia a posse da bola, os espaços na defesa ficavam escancarados. O Galo teve suas chances na frente, é verdade. Voltou a pecar nas finalizações (sobretudo com Ademir) e teve um Jailson inspirado. Mas fato é que a desvantagem só não foi maior, no intervalo, porque Everson apareceu – em uma cabeçada de Henrique Almeida, fez milagre.

Para a segunda etapa, o Galo voltou mais ligado e teve pela frente um rival já sem o ímpeto inicial de pressionar a saída de bola alvinegra. Em vez disso, encheu de atletas o último terço, com sucesso. As melhores chances do Atlético vieram em chutes de fora, como na tentativa do garoto Rubens – em mais uma atuação consistente.

Os espaços ficaram maiores quando Keno e Savinho entraram, e o Galo teve mais qualidade no um contra um. Quando finalmente conseguiu o gol, com Nacho (após análise do VAR), parecia finalmente que o time aliaria confiança e domínio. Hulk quase virou o placar com um golaço pouco depois, mas aí veio o golpe fatal para jogar luz em todas as falhas do Galo no clássico.

Desperdício ofensivo, desconcentração e espaços demais no sistema de defesa. Um vacilo coletivo que tornou tudo fácil demais para o América até a finalização completamente livre de Raúl Cácares: 2 a 1.

Tal qual a longínqua última derrota como mandante, há quase um ano, o resultado adverso pode e deve render boas lições. Após o jogo, Turco destacou que sabe onde estão os erros (no plural). Também precisa saber por onde consertá-los. O tempo para treinos é curto, mas o “despertador” está disparado. A hora é agora.

“Temos que demonstrar a solidez que tínhamos. Foi uma partida ruim, e tem que ser um despertador para todos nós” (Turco).

Por Marcelo Cardoso – GE

FUTEBOL MINAS FM