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Blog do Leo Lasmar – Bastidores do Cruzeiro derrubam qualquer técnico.

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O desgaste com o elenco do Cruzeiro, a insistência em utilizar alguns “preferidos” e mudanças e escolhas de sopetão acabaram minando o trabalho de Felipe Conceição no Cruzeiro. Além disso, soma-se a grave crise do clube, ininterrupta desde 2019, que vem atrapalhando o trabalho dos técnicos que pela Toca passam há dois anos.

Felipe Conceição foi sugerido no ano passado, durante a Série B do Brasileiro, mas a diretoria do Cruzeiro preferiu não prosseguir na tentativa, na ocasião. Pesou o desempenho de Conceição no Bragantino e a relação com o elenco. A diretoria optou por Ney Franco.

Após a saída de Luiz Felipe Scolari e pela campanha de recuperação com o Guarani, que chegou a sonhar com o acesso, Felipe Conceição foi escolhido como primeiro nome. O Cruzeiro investiu no treinador, pagou a multa contratual com o Bugre e o buscou.

Contratado para implantar um esquema de jogo ofensivo no Cruzeiro, Felipe Conceição iniciou os trabalhos com o diagnóstico do grupo que tinha em mãos.  Agregou atletas da base para observação durante a pequena pré-temporada e o Mineiro.

Felipe Conceição recebeu oito reforços para o início do Campeonato Mineiro. Utilizou cinco como titulares no primeiro jogo (Alan Ruschel, Matheus Neris, Matheus Barbosa, Marcinho e Felipe Augusto).

E, no primeiro jogo, já começou a conviver com insatisfações. Inicialmente com a saída de dois titulares durante a Série B: Adriano e Airton, para a entrada de Matheus Neris e Felipe Augusto, respectivamente. Ambos passaram a ser titulares no terceiro jogo.

Amparado numa fase de testes, Felipe Conceição continuou a mexer no time de jogo em jogo. Claudinho e Marcinho se revezando na armação, saídas de Willian Pottker e Rafael Sobis do time titular, teste de Alan Ruschel como armador…

Testes e mudanças que foram desagradando parte dos jogadores e também à diretoria do clube. Felipe Conceição não conseguiu contornar esses focos de insatisfação. O treinador, entretanto, precisava observar atletas e formações. E aquele momento, no início de trabalho durante a primeira fase do Campeonato Mineiro, era considerado o único possível.

Felipe Conceição também precisava “romper” com o estilo de jogo que vinha sendo adotado pelo Cruzeiro. Chegava com uma proposta mais ofensiva, o que demoraria a ser assimilada pelo grupo. Era preciso tempo. O que o Cruzeiro não tem, no momento.

Diante dos testes ao longo do Mineiro, o treinador teve uma conversa com a diretoria de futebol, em que foi sinalizada a necessidade de se buscar uma identidade com o time.

Apesar disso, o Cruzeiro vinha conseguindo crescer na tabela do Campeonato Mineiro. Prova disso foi a vitória no clássico centenário sobre o Atlético-MG por 1 a 0. O grande triunfo da “era Felipe Conceição”.

Conceição e diretoria chegaram em consenso, e o treinador passou a desenhar um time titular na reta final da primeira fase do Estadual. Atuou com três volantes (com Rômulo como terceiro homem de meio) e o trio de ataque: Rafael Sobis, Airton e Bruno José.

A escolha de uma sequência para a mesma formação aumentou a insatisfação de alguns atletasEduardo Brock, considerado um dos líderes do elenco cruzeirense e muito querido entre os atletas, por exemplo, ficou totalmente fora dos planos. 

William Pottker também. Chegou a reclamar publicamente dos poucos minutos, mesmo fazendo gols contra o Coimbra e Patrocinense. Foi liberado. Nessa situação específica, pesou a vontade da diretoria de aliviar a folha do clube.

Outro que acabou perdendo espaço foi Alan Ruschel, contratado a pedido de Felipe Conceição e que perdeu espaço para Matheus Pereira. Foi emprestado ao América, em uma troca envolvendo a chegada do volante Flávio.

Por fim, também houve a situação de Marcelo Moreno. Artilheiro das Eliminatórias com seis gols pela Bolívia, o atacante foi pouco utilizado por Felipe Conceição.

Outro foco de insatisfação vivido foi com Marcinho. O meia, titular no início do ano, viveu a expectativa de novamente ser utilizado após a eliminação nas semifinais do Campeonato Mineiro.

Na preparação para os jogos-treino com Boavista e Boa Esporte, o meia foi testado no meio de campo (Rômulo estava fora, liberado para viajar à Itália). Entretanto, o volante voltou na antevéspera da partida e foi utilizado como titular. A situação pegou de surpresa o grupo.

Diante da situação, Marcinho conversou com Felipe Conceição e, com a sinalização que teria pouco espaço, pediu para ser liberado. Chegou a ficar próximo do CSA. A continuidade foi vista já como uma perda de força de Felipe Conceição.

Pedido por Felipe Conceição como opção para a lateral direita, a contratação de Joseph foi também bancada pela diretoria do Cruzeiro. Entretanto, Joseph já foi utilizado como zagueiro no jogo-treino com o Boavista e também como titular nos dois jogos da Série B. A situação causou estranheza interna.

Outra situação que chamou a atenção foi a volta de Matheus Neris à equipe. O jogador, em meados do Campeonato Mineiro, chegou a ser liberado para ser emprestado ao Guarani. Entretanto, com a mudança de esquema de Felipe Conceição, voltou a ganhar chances nos jogos contra a Juazeirense.

A diretoria também não gostou de algumas insistências do treinador, como com Felipe Augusto e Stênio nos últimos jogos. Na análise interna, os dois jogadores não renderam.

Por sua vez, Felipe Conceição, assim como seus antecessores, também foi afetado pelas dificuldades financeiras do Cruzeiro e a instabilidade administrativa. Conviveu, desde o começo do trabalho, com atrasos recorrentes salariais.

O treinador não teve também todos os nomes preferidos e pedidos atendidos por causa da questão financeira do clube e das dificuldades enfrentadas pela atual direção no mercado.

Conceição conviveu com situações não resolvidas pela diretoria no elenco profissional, como a volta do volante Nonoca (sequer aproveitado), de Ariel Cabral e do zagueiro Léo. No episódio de Léo, um comentário do goleiro Fábio, numa postagem na internet, ainda reverberou internamente contra a diretoria do clube.

Nele, um torcedor escreveu que que “a ingratidão tomava conta desse time”. Fábio respondeu à postagem

“Falou só a verdade fera”.

Para finalizar, Felipe Conceição viu o diretor André Mazzuco desembarcar do projeto do Cruzeiro no primeiro convite que chegou ao executivo. Fato que também afetou o trabalho de Felipe Conceição, na busca por reforços e ajuste do elenco.

Pressionado por bons resultados, após perder o segundo jogo seguido na Série B, Felipe Conceição ainda vivenciou um novo episódio público de insatisfação com Rafael Sobis.

E cumpriu: retirou Rafael Sobis do time no confronto com a Juazeirense.

Entretanto, a situação só fez o clima nos bastidores do Cruzeiro ficar mais desconfortável. Alguns jogadores não concordaram com a saída do atacante do time. A mexida, com o retorno do esquema com três volantes, não deu certo. Sobis sequer entrou em campo. E o Cruzeiro acabou eliminado da Copa do Brasil.

Por Por Gabriel Duarte – GE