fbpx
Pular para o conteúdo

Blog do Leo Lasmar – Atlético vence, mas futebol em campo preocupa

BANNER FUTEBOL AGOSTO 2020

Jorge Sampaoli tem algumas frases que são quase mantras. Uma delas é: “A equipe se preocupa mais com o gol do adversário do que com seu próprio gol”. Significa dizer que o foco é o ataque, e a defesa é secundária, apesar de não menos importante. Na prática, o argentino monta seus times para que tenham volume de jogo e criem boas chances de gol com constância. O primeiro objetivo tem sido cumprido com tranquilidade. O segundo, nem tanto. E isso tem sido um problema nos últimos jogos.

O fato de ser um time que joga pra frente, com coragem, gera um efeito colateral quase inevitável: o Galo fica mais exposto em alguns momentos. Mas esse risco é calculado quando o volume de jogo é convertido em gols. Quando isso acontece, tudo bem correr um perigo ou outro – e até sofrer alguns gols -, desde que, no ataque, o placar esteja sendo construído em maior proporção. E é justamente no setor ofensivo que o atual problema se manifesta. Mais especificamente no setor criativo.

Desde que Nathan se machucou, o Atlético tem sofrido para converter posse de bola em chances claras de gol. O time perdeu dois jogos no Brasileirão (Botafogo e Inter) e teve dificuldades para ganhar do Tombense. O problema não tem sido falta de domínio (o Galo teve maior posse e mais finalizações nos três jogos), mas sim falta de criatividade, de tomar decisões corretas no último terço do campo, de estabelecer conexões e tomar decisões mais assertivas perto do gol adversário.

Sampaoli cita algumas situações para justificar a dificuldade. Falta de entrosamento, equipe jovem, adaptação de jogadores recém-chegados, entre outras. E também cita aquela que, no fundo, é a mais relevante delas: o Atlético precisa de reforços. No momento, o Galo precisa, com urgência, de um reforço: um meio-campista titular. Hyoran não se omite do jogo, o que é um mérito, mas tem colecionado decisões equivocadas, e a conexão entre defesa e ataque tem sido prejudicada.

Sem um meio-campista assistente, “pifador” (não que Nathan seja um clássico garçom, mas era um elo importantíssimo no time), o Atlético fica mais dependente de jogadas individuais, e nas pontas ainda há algumas dificuldades, apesar de haver muita qualidade. Contra o Tombense, Savarino esteve “ilhado”, sem apoio para tabelas e, consequentemente, apagado. Keno acumulou decisões erradas durante o jogo, mas manteve a personalidade e a persistência, e foi coroado com o gol da vitória.

No comando de ataque, Marrony e Sasha tentaram combinações, o segundo fez o que pôde saindo da área para ajudar na criação, mas ambos rendem mais tendo à disposição um meio-campo mais colaborativo, criativo. Sampaoli percebeu que a bola não chegava com qualidade, mas não tinha sequer um meia com características de armação no banco. Tentou melhorar o setor com Allan e Alan Franco, mas o problema persistiu.

Mesmo com as dificuldades, a vitória veio. E foi justa, já que, apesar das falhas, o Atlético foi o time que buscou vencer do início ao fim. Acontece que, no Brasileirão, o nível é maior, e um ataque pouco eficiente costuma custar caro (como foi contra Botafogo e Inter).

Sampaoli deixou claro que a diretoria sabe muito bem quais são as carências do elenco. E a principal delas, no meio-campo, está óbvia. A missão de Sérgio Sette Câmara, Alexandre Mattos e companhia é dar ao treinador a peça faltante no quebra-cabeças, já que a peça titular está fora de combate. E, a partir daí, o desafio é inteiramente do argentino, de transformar o volume indiscutível em placares satisfatórios.

Por: Guilherme Frossard