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Blog do Leo Lasmar – Atlético tem dificuldade e América evolui.

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O primeiro clássico mineiro da história da Libertadores ficou longe de terminar como os atleticanos esperavam. O Atlético dominou as estatísticas, mas sofreu mais do que esperava (e deveria) com a retranca do América. Abusou de uma estratégia que não deu certo e, por pouco, não perdeu para o rival pela primeira vez em sete anos.

A análise fria dos números mostra superioridade grande do Galo nos 90 minutos. De fato, até por estratégia do rival, foi o Alvinegro quem ditou o ritmo do jogo. Quase 75% de posse de bola, 27 finalizações (contra quatro do Coelho), 640 passes trocados… Mas é um outro número, também em favor do time de Antonio Mohamed, que chama mais a atenção: 52 cruzamentos à área.

Com Turco, o time nunca antes havia insistido tanto na estratégia. Em termos de comparação, na estreia diante do Tolima, o Galo alçou apenas 15 bolas à grande área. Contra o Inter, pelo Brasileiro, 13. Na final do Mineiro contra o Cruzeiro, foram 14. Aliás, a última vez em que o Atlético buscou tantos cruzamentos em uma só partida foi na estreia da Libertadores de 2021, contra o La Guaira-VEN (59).

Na coletiva após o jogo, o Turco se disse surpreendido com a postura do rival, e contou que a estratégia inicial não era essa, mas que acabou se tornando a melhor arma, na visão dele, diante o posicionamento extremamente defensivo e recuado

“No segundo tempo a estratégia foi cruzar a bola. O primeiro tempo não, jogamos como jogamos sempre, e faltou cruzar mais a bola, porque estavam muito fechados, e havia espaços pelos lados” (Turco)

Não deu certo, e o próprio Mohamed tem ciência disso. “Temos que buscar variações, trabalhar”, ressaltou o técnico também após o jogo. O Atlético pode, sabe e precisa ter mais repertório para furar retrancas como essa, que devem ser cada vez mais frequentes ao longo da jornada de 2022.

O Atlético até começou a partida tentando fazer o que fez contra o Inter, no domingo, quando fez uma avalanche e conseguiu o gol nos minutos iniciais. Mas diferentemente de lá, quando tinha Keno e Ademir bem abertos nas pontas, desta vez a escalação com Zaracho, Nacho e Vargas atrás de Hulk fazia com que o time concentrasse as ações pelo centro, justamente na zona mais concentrada do Coelho.

O Galo melhorou quando Turco trocou o posicionamento de Nacho e Zaracho. O camisa 15 passou a fazer a função de armador, e o time cresceu. Foram três boas chances a partir dos 23 minutos: uma com Nacho, de falta, outra com Hulk, de cabeça, e a última com Arana, na cavadinha que parou em Jailson e no travessão.

O Atlético foi para o intervalo em alta, mas sofreu um duro golpe logo aos cinco minutos do segundo tempo. Na bola espirrada na saída de bola, Godín perdeu a disputa em velocidade com Felipe Azevedo, que avançou, passou também com facilidade por Jair e anotou um golaço, na gaveta de Everson.

A lentidão do zagueiro uruguaio, inclusive, é ponto de forte preocupação no sistema defensivo do Atlético. Por pouco não comprometeu na estreia diante do Tolima, e quase foi fatal no que seria a primeira derrota do Galo na Libertadores desde abril de 2019. Há margem para crescimento, claro, mas por enquanto, liga o alerta.

Com a vantagem no placar, o recuo que já era grande do América cresceu ainda mais. Mohamed mexeu no time, colocou Ademir e Savarino em campo (nas vagas de Vargas e Zaracho), mas em vez de velocidade, abusou da chuva de bolas aéreas. Estratégia até óbvia diante o cenário de retranca total do rival, mas comprometida diante a falta de jogadores com tal característica no sistema ofensivo.

A torcida cantava para empurrar o time, mas a derrota parecia certa. Até que, aos 39 do segundo tempo, o cruzamento despretensioso de Mariano encontrou Ademir (em posição irregular) dentro da área. O Fumacinha dominou, finalizou de perna direita e decretou a igualdade do placar.

Bronca justa do América com a arbitragem, alívio merecido do Galo pelo o que fez em campo para buscar o empate. No já mais que batido clichê do “copo meio cheio ou vazio”, o Atlético sabe que deixou para trás pontos preciosos na briga pela liderança geral da fase de grupos, mas também valoriza a importância do ponto conquistado e da manutenção da invencibilidade de quase 11 meses em casa.

Assim como Cuca entendeu naquele empate há quase um ano com o La Guaira, talvez o excesso de bolas aéreas não seja o caminho mais ideal para o Galo de Mohamed furar retrancas como essa, que devem voltar a vir ao longo da temporada. No atual campeão de tudo no Brasil, ainda há caminho e margem para evolução.

Por Marcelo Cardoso – GE

FUTEBOL MINAS FM