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Blog do Leo Lasmar – Ainda é possível acreditar no Atlético?

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Não era nem metade do primeiro tempo de santos 2 x 0 Atlético. O Galo até controlava bem a partida naquele momento, dentro da proposta defensiva desenhada para o jogo. Mas um jogador em específico estava extremamente incomodado. “Estou sozinho”, reclamou Hulk para Cuquinha, durante uma pausa. E assim permaneceu durante quase todo o tempo.

Cuquinha, Cuca ou qualquer outra pessoa da comissão técnica jamais admitirão isso publicamente, mas o Atlético não foi à Vila Belmiro com intenções lá muito ousadas de encerrar um tabu que dura 12 anos. Saiu com a escrita ampliada e mais uma derrota na bagagem, a segunda seguida no Brasileirão.

Se Nacho Fernández estivesse em campo, muito provavelmente a vida de Hulk não seria tão solitária. O atacante caiu de rendimento sem o parceiro argentino, assim como todo o elenco atleticano. Nacho era o coringa que impedia o Galo de jogar de forma tão previsível e espaçada.

Assim como diante do Ceará, o Atlético passa a impressão, em vários momentos, que joga sem meio campo. As linhas são muito espaçadas, e por isso Hulk se sente tão sozinho. Keno, que deveria assumir a parceria com o camisa 7 na ausência de Nacho, não consegue superar a má fase.

Tchê Tchê até se esforça, mas não é armador de origem. Hyoran, que talvez fosse melhor sucedido na tentativa, parece sempre mais preocupado em defender do que jogar com a bola nos pés. Allan e Jair, então, entraram com a função única de conter as ações ofensivas do Santos. E Arana e Guga, que poderiam criar volume pelas laterais, ficaram sobrecarregados com Marinho e Marcos Guilherme.

Sem um meio ofensivo e sem força nas laterais do campo, o Atlético de Cuca (e Cuquinha) é um time extremamente previsível, e na maior parte do tempo fácil de marcar. As poucas boas oportunidades criadas ao longo da partida vieram em roubadas de bola e tentativas rápidas de transição. Faltava a força conjunta nos contra-ataques. Hulk sempre parecia “sozinho”.

Sem intensidade, o Galo ia se garantindo até bem defensivamente. Mas, curiosamente, foi em um contra-ataque em cima de um time que não queria atacar que saiu o gol do Santos. Hulk perdeu a bola no setor ofensivo, Marcos Guilherme partiu em velocidade e fez o que quis com Guga. Ele rolou para Kaio Jorge, que achou Jean Mota completamente livre e de frente para o gol: 1 a 0.

Atrás do placar, Cuquinha promoveu a entrada de Zaracho para tentar finalmente ganhar o meio. Com a obrigação de atacar e o recuo natural do adversário, o Galo até conseguiu criar boas chances, mas parou na falta de sorte.

Allan perdeu uma cara a cara, em lance com defesa de João Paulo e bola na trave, na sequência. Gabriel recebeu outra livre dentro da área, mas não teve cacoete de atacante para fazer o gol. Hulk, o artilheiro, quase fez um golaço de cobertura, mas parou no travessão.

Já no fim do jogo, outro contra-ataque, esse com conclusão de Marcos Guilherme (o melhor em campo) selou o placar final da partida: 2 a 0. Vitória justa, de quem também não fez uma partida brilhante, mas quis vencer um pouco mais.

“Fechar a boca, trabalhar bastante e dar a volta por cima” (Cuquinha).

O Atlético tropeçou pela terceira vez seguida no Brasileirão. Ganhou só um dos últimos nove pontos, e perdeu mais uma chance valiosa de aproveitar deslizes de rivais diretos e ficar mais próximo ao topo da tabela.

Nada está perdido. O campeonato ainda está no começo. O Galo, reforçado de suas melhores peças, tende a jogar muito melhor do que isso – contra o Atlético-GO, por exemplo, Savarino já deve voltar. Mas o momento assusta.

Não à toa, Hulk foi às redes sociais prometer à torcida “foco, raça e determinação” para os próximos jogos. O Atlético precisa disso. Precisa se portar melhor taticamente. Precisa reagir. Que passe logo, e seja este o único momento de turbulência de uma temporada que ainda pode render grandes frutos.

Por Marcelo Cardoso – GE