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Dependência química e falência familiar.

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Muitos familiares, por falta de orientações e movidos pelo desespero, cometem algumas loucuras na tentativa de tirar o filho das drogas. As decisões tomadas por impulsos, além de não produzir efeitos positivos, podem resultar em prejuízos e até a falência dos seus recursos. Somados a isso, a família sem uma base orientadora, torna-se presa fácil para aproveitadores da dor alheia.

Ouço com frequência, principalmente de pais que chegam recente ao grupo, algumas ideias equivocadas em relação à solução do problema. Muitos idealizam mudar-se para outra cidade ou estado, de preferência o mais longe possível, acreditando que ao tirar o filho do atual ambiente tudo se resolve. Enganam-se, pois o controle da situação terá duração máxima de uma semana, tempo necessário para ele encontrar sua nova turma. Como eles possuem grande capacidade para identificar os seus iguais, logo estão novamente na ativa. As drogas estão presentes em todas as nossas cidades. Mudar-se de casa, cidade ou estado não resolve, porque carregamos o problema conosco.

Outros pais detonam seus recursos para tentar recuperar o filho. Já vi mães abandonarem o emprego de anos, imaginando que se ficar em casa com ele conseguirá controlá-lo. Não demoram em perceber que o impulso pelas drogas grita mais alto que sua capacidade de o conter. Outros vendem até a própria casa, minam seus recursos, destroem suas estruturas, casais se separam, outros enchem-se de dívidas e o problema permanece. Muitos gastam absurdos em certas clínicas que parecem um hotel cinco estrelas, onde ele, apesar de todo o seu desajuste, é premiado com piscinas de água quente, saunas, fartos banquetes e mordomias, porém com pouca eficácia em relação ao tratamento.

Existem, ainda, muitos familiares que consomem todos os seus recursos bancando a dependência do filho, imaginando enganosamente, que pagando suas drogas evitam que ele cometa furtos ou que seja preso e assim estão o protegendo. Quando acordam para a realidade não possuem mais onde tirar dinheiro e o dependente continua na ativa. É óbvio que tratar um filho gera gastos. Um profissional tem seu custo. Para mantê-lo em uma internação também tem um preço e não estamos defendendo que esse serviço seja gratuito, mas a família precisa respeitar os seus limites, preservar sua estrutura, buscar a solução mais viável e tomar cuidado com exploradores da fragilidade familiar. No retorno do tratamento é justo que ele repare os danos e que seja cobrado a ressarcir os prejuízos que provocou.

Por tudo isso é importante buscarmos ajuda. Um grupo de apoio nada cobra e as trocas de experiências nos ajudam a agir de forma orientada, respeitando nossos limites e preservando nossas estruturas, caso contrário, a falência é uma possibilidade iminente. Com apoio e orientação evitamos agir no escuro, por impulso e motivados pelo desespero, pois o desespero é, sem dúvidas, o pior dos nossos enganos.

Texto: Celso Garefa – Amor-Exigente Sertãozinho SP