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Cuidado com o Bicho papão

Júnior, apesar da forte inflamação de garganta, recusava tomar o medicamento. A mãe, como forma de convencê-lo, utilizou como argumento, uma pequena mentirinha. – “Toma filho, esse remédio é gostoso e docinho”. A criança, ao colocar o anti-inflamatório na boca, percebeu que ele não tinha nada de docinho, pior que isso, percebeu que foi enganado pela mãe.

A confiança nos pais é um dos fatores essenciais para uma educação assertiva e funcional e somente conquistaremos isso fazendo uso da verdade, caso contrário, não seremos levados a sério. As pequenas mentirinhas, mesmo aparentemente inofensivas, criam na cabeça dos pequenos certa confusão e eles poderão encontrar dificuldades para distinguir quando falamos a verdade e quando mentimos, sem saber em qual momento poderão confiar e acreditar nos pais.

É nossa função, como pais, exercer nosso papel de orientador e educador dos nossos filhos e se desejamos sucesso nessa difícil missão, devemos orientá-los em relação a tudo aquilo que representa um perigo para sua existência, como as drogas, o álcool, a violência, a gravidez precoce, etc.

Nem todos conseguem êxito nessa tarefa, pois não basta apenas orientá-los. Para o sucesso nessa missão é necessário, entre outros fatores, o uso da verdade e da coerência em relação ao que falamos e ao que fazemos. Não existe coerência falarmos sobre os perigos que o consumo abusivo do álcool representa se nossos filhos assistem nosso consumo abusivo.

Muitas mães ou pais, cujos filhos se envolveram com o uso das drogas, relatam não compreender os motivos que o levaram ao uso, alegando que sempre procuraram orientá-los, dizendo que essas substâncias são nocivas e fazem mal à saúde. Esses pais exteriorizam um sentimento de frustração, sem compreender como ele pode entrar nisso depois de toda orientação que julgam haver transmitido.

Seria simplório e ingênuo concluir que as pequenas mentirinhas seria o motivo desse desvio de conduta, no entanto, devemos considerar que os filhos acostumados a ouvir colocações dos pais que nunca se concretizaram, como por exemplo, o perigoso bicho papão nunca apareceu, o homem do saco não veio pegá-lo, o remédio não era gostoso, como dizia a mãe, porque o filho deveria levar a sério que as drogas realmente são perigosas? Essa orientação não lhe serviu de referência.

As ameaças vazias, muito utilizada na educação dos filhos, também são uma forma de mentir. – “Se você não estudar nunca mais te compro mais nada”. – “Se você continuar fazendo bagunça eu sumo dessa casa”. Eles sabem que isso não vai acontecer e perdemos crédito. Diferente das ameaças vazias, as tomadas de atitudes são ações necessárias a uma boa educação, portanto, só devemos estabelecer aquilo que possuímos e estamos dispostos a cumprir.

O uso da verdade na educação dos filhos significa construirmos uma relação de confiança, onde a criança sente segurança naquilo que transmitimos e com isso, as nossas orientações ganham peso e força. Nossos filhos, ao receberem nossas orientações, precisam compreender que não estamos de brincadeira e que aquilo que falamos é sério e isso servirá de base e referência para suas próprias decisões e escolhas.

Celso Garefa. Amor exigente Sertãozinho SP