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Aproveitadores da dor alheia

De acordo com o dicionário Aurélio, crise é um estado de dúvidas e incertezas; é uma fase difícil, grave, na evolução das coisas, dos fatos, das ideias; é um momento perigoso ou decisivo. Elas incomodam, pois mexem conosco, tirando-nos da nossa zona de conforto e não há como negarmos que as crises fragilizam. Familiares que convivem com um dependente dentro de casa sabem muito bem o que significa vivenciar momentos de crise. Situações perturbadoras ocorrem com grande frequência e as intensidades de problemas os deixam, muitas vezes, sem ação e sem saber o que devem fazer.

São nestes momentos de maior vulnerabilidade que a família, além de enfrentar um grande problema, ainda precisa tomar cuidado com os urubus de plantão, ou seja, os exploradores do sofrimento humano. O primeiro a se aproveitar da fragilidade familiar é o próprio dependente, através de manipulações, ameaças ou chantagens. Utilizam de táticas de terrorismo dentro da própria casa para obterem aquilo que desejam. – “A mãe vai me dar o dinheiro ou prefere me ver morto”?

Com o agravamento das crises os familiares experimentam o desespero e desesperados agem por impulsos. Na ânsia de solucionar rapidamente o problema abraçam toda e qualquer sugestão apresentada. Neste momento aparecem os “ignorantes”, que nada sabem sobre o assunto, mas se sentem doutores para apresentar soluções simplistas e mágicas – “Se fosse meu filho, eu quebrava de pau”.

Pior que os ignorantes são os espertalhões, a começar por vendedores de produtos e soluções mágicas, capazes de resolver o problema com algumas doses, sem trabalho e sem esforços. As Comunidades Terapêuticas fazem um trabalho fantástico, mas não podemos negar que entre elas existe uma meia dúzia, cujo único objetivo é ganhar dinheiro. Cobram caro dos familiares e nada apresentam em termos de recuperação. É preciso cuidado para não enfiar o dependente na primeira que aparece, sem antes buscar uma referência.

Clínicas não são nem melhores, nem piores que as Comunidades Terapêuticas e vale a mesma regra. Cuidado com valores astronômicos, para pouco retorno em relação ao trabalho de recuperação do dependente. Pesquise antes. Respeito imensamente todas as religiões, mas também não podemos negar que por detrás de algumas existem sanguessugas do desespero humano, que exploram a família cobrando caro, com promessas de curas e milagres através de correntes e campanhas. Essa prática não condiz com os ensinamentos trazidos por Jesus Cristo. Milagres existem, busque-o, mas eles não são produtos que se vendem em supermercados.

Por outro lado, as crises nos abrem a possibilidade da mudança. Com apoio e orientações adequadas colocamos à prova nossa resiliência, ou seja, nossa capacidade de enfrentarmos um grande problema sem, no entanto, permitirmos que o desespero nos tornem vítimas de aproveitadores da dor alheia.

Texto de Celso Garefa. AE Sertãozinho